Diversidade: qual a sua importância?

Diversidade
Última atualização
agosto 30, 2019
Escrito por
Luana Costa

Diversidade significa representar a sociedade. Afinal, somos compostos por pessoas de diferentes histórias, crenças, raças e etnias, orientações sexuais, gêneros, entre outros. 

Existem vários tipos de diversidade. Podemos classificar os tipos de diversidade como:

diversidade

  1. Cultural;
  2. Étnica;
  3. Biológica;
  4. Social, entre outros. 

A diversidade representa a união dessas pluralidades, convivendo em harmonia, com respeito ao que é diferente e, sobretudo, visando a uma sociedade mais justa.  

Dessa forma, conceito de diversidade pode andar lado a lado com qualquer tipo de instituição. O ideal, por sua vez, é que a diversidade esteja por todas as partes.

Diversidade: a chave é o pertencimento 

Pertencer a um lugar significa ter uma conexão com a organização ou com o grupo de pessoas que faz com que você sinta que pode ser você mesmo. Isso não está relacionado apenas ao local de trabalho, por exemplo, mas também a uma necessidade psicológica. 

Estimular o pertencimento, no entanto, leva um tempo, e nem sempre o processo é linear. É preciso se concentrar na diversidade e criar uma cultura inclusiva para que possa se chegar ao pertencimento. 

Diversidade no Brasil

Um estudo realizado pelo Boston Consulting Group (BCG) revelou que, no Brasil, apenas 17% dos funcionários que seriam alvo das iniciativas a favor da diversidade nas organizações dizem se beneficiar delas. 

A pesquisa, por sua vez, foi realizada com 16,5 mil pessoas em 14 países, como Reino Unido, Estados Unidos, Finlândia e China, além do Brasil. Os resultados mostram que, embora as empresas estejam preocupadas com temas como diversidade e inclusão, muitas das iniciativas não geram o impacto esperado.

Isso se dá porque, em sua maioria, os cargos de liderança são ocupados majoritariamente por homens brancos. 

A pesquisa indicou que:

  1.  27% de membros de maiorias entrevistados enxergam dificuldades no avanço de funcionários negros ou de outros grupos étnicos minoritários;
  2. Por outro lado, 37% dos membros das minorias veem obstáculos para seu crescimento;
  3. Para um homem branco, heterossexual, cisgênero, com idade entre 35 e 50 anos, há uma maior liberdade para se sentir autêntico no ambiente de trabalho. E isso permite que eles cresçam em seus cargos e atinjam a liderança com muito mais facilidade que alguém que pertença a algum grupo minoritário. 

Portanto, um dos maiores obstáculos para as empresas garantirem um ambiente de segurança psicológica para as minorias é a falta de pertencimento. Sem líderes representativos, não existe inclusão. 

Por isso, é urgente desenvolver estratégias para a inclusão de diferentes profissionais nos grupos de liderança. 

Para começar, a estratégia deve estar alinhada à equipe de Recursos Humanos, que deve orientar os gestores sobre a importância da diversidade para os negócios e explicar que todos nós temos vieses inconscientes, que fazem com que as decisões nem sempre sejam tão racionais quanto se imagina. 

O que são vieses inconscientes?

Grupo de pessoas diversasOs vieses inconscientes são um conjunto de estereótipos que mantemos sobre diferentes grupos de pessoas a partir de situações e experiências que vivenciamos ao longo da vida. Dessa maneira, isso inclui aspectos como memórias de infância, conversas com amigos e até mesmo notícias que vimos na mídia. 

Leia mais sobre vieses inconscientes nessa publicação

Como vivemos em uma sociedade em que estes estereótipos são constantemente reforçados, é comum que tendamos a criar uma imagem pré-concebida de pessoas que sequer sabemos algo a respeito.  

Dessa forma, reconhecer que este processo existe já é um grande avanço para não deixar que os impulsos conduzam todas as escolhas. Para diminuir os vieses, é preciso muito treinamento em direção à diversidade. 

Diversidade nos esportes

Segundo o relatório Movimento é Vida: Atividades Físicas e Esportivas para Todas as Pessoas, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a prática de exercícios físicos por mulheres no país é 40% inferior aos homens. Esse dado é um indicativo de que o cenário esportivo ainda tem muita desigualdade de gênero.

Além disso, um artigo complementar do relatório do PNUD explica a menor participação feminina no esporte e as possíveis soluções para reverter esse quadro. Uma delas é a importância das redes de sociabilidade para o envolvimento das mulheres com as atividades físicas e esportivas. 

Mulheres que praticam atividades físicas juntas se fortalecem e têm mais chances de incentivar outras mulheres para a prática. Isso se dá, inclusive, em esportes individuais, por exemplo: grupo de mulheres corredoras, skatistas, grupos de ginástica etc. 

Diversidade nas universidades

A pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), publicada pelo IBGE em 2017, mostra que a população brasileira geral é composta de 55,4% de negros. No entanto, apesar da predominância étnica-racial, ela ainda está sub-representada nas universidades, já que apenas 12,8% dos jovens negros de 18 a 24 anos são estudantes do ensino superior.

A Lei das Cotas nas universidades brasileiras foi sancionada em 2012 e proporcionou acesso ao ensino superior a mais de 150 mil jovens pretos, pardos e indígenas (PPIs). Ela foi reconhecida internacionalmente até pela Organização das Nações Unidas (ONU)

Em 1997, apenas 1,8% desses jovens havia frequentado uma universidade, segundo o Censo da Educação Superior. A inclusão de negros nas universidades brasileiras tem sido uma grande conquista, mas a desigualdade ainda é bem visível, como mostram os dados obtidos na V Pesquisa do Perfil Socioeconômico dos Estudantes das Universidades Federais

Diversidade nas empresas

As empresas têm papel fundamental para a construção de um mundo mais igualitário. Nesse sentido, cabe a toda organização trabalhar em prol da diminuição da desigualdade de gênero, do preconceito quanto a orientação sexual, racismo, entre outros.

Começamos a falar de diversidade quando a organização garante equipes com:

  1. Diferentes orientações ideológicas e histórias de vida;
  2. Condições sociais, de gênero e físicas distintas. 

Falar de diversidade no ambiente de trabalho significa abrir uma porta para um universo vasto de possibilidades de desenvolvimento e conhecimentos.

Ao lidar com uma equipe diversa, a empresa ganha a possibilidade de desenvolver seus produtos e serviços alinhados com o que o consumidor quer. Assim, ter uma visão diferenciada sobre o mesmo negócio faz com que a empresa dialogue muito melhor com o seu público-alvo. 

Além disso, uma organização preocupada com a diversidade atrai consumidores e profissionais qualificados. Hoje, consumidores e profissionais estão cada vez mais exigentes com o olhar das empresas e seus posicionamentos sobre grupos minoritários. 

Nesse sentido, as novas gerações (especialmente quem nasceu na virada do milênio) estão interessadas em trabalhar em locais preocupados com a sociedade, o meio ambiente e que tenham propósitos para além do lucro. E não há nada mais lucrativo para a empresa do que profissionais engajados e dedicados.

Pesquisas sobre diversidade nas empresas

Segundo um estudo sobre diversidade, realizado pela consultoria McKinsey and Co. em 2017, as empresas com times de executivos com maior variedade de perfis são mais lucrativas. Ao menos mil empresas globais foram analisadas em 12 países.  

As companhias com maior diversidade de gênero da amostra têm 21% mais chances de apresentar resultados acima da média do mercado do que as empresas com menor diversidade do grupo. No caso da diversidade cultural e étnica, esse número sobe para 33%.

O estudo, que contou com dados de 2017, mostra também que o grupo de empresas com o pior desempenho em ambos tipos de diversidade têm 29% de chances a mais de ter um desempenho abaixo da média do mercado.

Além disso, outra pesquisa realizada pelo Linkedin em 2018 revelou que a diversidade é uma das macrotendências que estão transformando a área de recursos humanos nas empresas. As demais tendências são: 

  1. A criação de novas formas de seleção, além da entrevista; 
  2. O uso do big data, esse imenso volume de informações produzidas por dispositivos o tempo todo, para uma busca mais certeira e ativa dos profissionais desejados; 
  3. O uso da inteligência artificial para refinar e até automatizar parte de todo o processo de seleção de pessoas.

O Linkedin, por sua vez, levantou que 78% das organizações priorizam a diversidade na hora de contratar seus colaboradores. Porém, muitas das empresas ainda não conseguem tirar alguns planos do papel. Além disso, o estudo verificou que 38% dos empregadores têm dificuldade em encontrar candidatos diversos, e 27% têm dificuldade em manter os funcionários de grupos minoritários em seus quadros. 

Quais os benefícios da diversidade nas empresas?  

Representação de time diverso com pessoas diversas em evidência

Existem cinco grandes benefícios para as empresas que promovem a diversidade. São eles: 

  1. Aumento da criatividade; 
  2. Cultura de inovação;
  3. Redução de conflitos;
  4. Melhoria de imagem do negócio;
  5. Alcance de melhores resultados. 

Já que construir um ambiente diverso significa proporcionar um espaço em que as diferenças são valorizadas, as equipes de trabalho acabam por se sentirem mais à vontade e livres para expressarem sua criatividade. 

Por isso, um dos grandes benefícios da diversidade nas organizações é o aumento da criatividade. Nesse sentido, equipes diversas criam produtos muito mais criativos e que podem atender às necessidades dos consumidores. 

Assim, fortalecer o desenvolvimento de uma cultura de inovação é um outro grande benefício de um ambiente de trabalho diverso. 

De acordo com um estudo da revista Forbes, a diversidade nas empresas é um dos principais impulsionadores da criação de um ambiente inovador. E a inovação se encontra hoje como um componente-chave para o crescimento de uma empresa globalmente. 

Quando falamos em um ambiente diverso, estamos também falando de um ambiente mais respeitoso e acolhedor para grupos minoritários. E, portanto, com bem menos conflitos internos, evitando desentendimentos por conta de opiniões distintas. Pelo contrário, fazendo com que as divergências tornem-se estímulos para a inovação. 

Além disso, outra vantagem da diversidade é a melhora da imagem do negócio, já que, cada vez mais, os consumidores estão preocupados com os posicionamentos das empresas para consumir seus produtos e serviços. 

Por unir todos esses benefícios, criar uma empresa diversa faz com que sua organização alcance melhores resultados

Leia mais sobre o Valor da Diversidade nas organizações

Como trabalhar a diversidade?

A principal questão quando falamos em diversidade é: como criar ambientes mais diversos? 

Independente do ambiente, a diversidade precisa entrar no debate. Isso, é claro, depende muito da situação de cada uma das instituições descritas acima. 

Contudo, existem determinadas estratégias que podem ser aplicadas a diversas realidades. A primeira delas é que o tema deve estar evidente nas instituições

Sendo assim, para que o tema entre em debate, é preciso engajar os públicos, fazendo com que todos consigam enxergar as desigualdades que os cercam. 

Quantos negros e negras frequentam este lugar? É um espaço acolhedor para públicos como a população LGBTI+? Mulheres e homens são tratados como iguais? 

Além disso, tomando como recorte a realidade empresarial, a seguir, descreveremos algumas importantes estratégias para a construção de uma organização realmente diversa. 

Diversidade como estratégia organizacional 

Desde os anos 1970, a diversidade começou a ganhar alguma presença nas organizações, quando o número de mulheres aumentou significantemente no mercado de trabalho.

No entanto, só ganhou força quando as instituições começaram a conceber a diversidade como estratégia organizacional, o que ainda está em processo evolutivo no Brasil e precisa ganhar proporções cada vez maiores. 

Isso significa que, assim como todos os departamentos e áreas da empresa, o setor de diversidade também deve ter:

  1. Metas; 
  2. Equipe especializada; 
  3. Comprometimento da liderança; 
  4. Abordagem baseada nas necessidades da organização;
  5. Métricas. 

Para formar uma equipe especializada em diversidade na empresa, um dos passos mais eficientes é partir dos próprios colaboradores.

Nesse sentido, formar grupos de afinidade que se dediquem a discutir as questões faz com que, espontaneamente, a empresa comece a adotar posturas inclusivas. Além de respeitar o lugar de fala destes colaboradores. 

Além disso, outra forma muito eficiente de colocar a diversidade em pauta na empresa é apoiar projetos e organizações sociais que lidam com públicos diversos. Como exemplo, grupos de LGBTI+ que ajudem pessoas trans a ingressarem no mercado de trabalho. Ou, ainda, organizações sociais que lidam com pessoas com deficiência e desejam incluí-las no mercado. 

Como pensar a diversidade nas empresas?

Para aumentar a diversidade em uma organização, ou ao menos inserir a diversidade como tema para melhorar o clima organizacional, a primeira dúvida que surge é “por onde começar?”. Nesse sentido, a resposta é: comece conhecendo a instituição

Uma forma eficiente de conhecer os colaboradores de uma empresa é realizando o Censo da Diversidade cujo propósito é levantar dados sobre o perfil do público interno. Dessa maneira, isso dará insumos necessários para tomar atitudes para a promoção da diversidade e a valorização dos direitos humanos.

Assim, ao aplicar o Censo da Diversidade, você começa a entender pontos como:

  1. Quantidade de mulheres, pessoas com deficiência, pessoas negras, pessoas idosas, público LGBTI+, entre outros públicos minoritários; 
  2. Como cada público enxerga a instituição, se eles se sentem respeitados no ambiente de trabalho e/ou passam por episódios de preconceito; 
  3. Quais públicos precisam receber mais atenção na promoção e atração interna, entre outros antecedentes. 

Comece respondendo o Autodiagnóstico da Diversidade 

Diversidade: como repensar processos seletivos 

Processo de seleção de pessoa com deficiência

Outra forma de aumentar a diversidade no quadro de colaboradores é repensar o modo como selecionar pessoas.

Nesse sentido, as empresas devem revisar exigências para as oportunidades, como ter faculdade de primeira linha, fluência em idiomas, entre outros. 

Logo, essa atitude condiz com a realidade brasileira, já que muitos grupos minoritários são formados por pessoas de baixa renda, que não têm acesso a esse tipo de educação. 

Todas estas estratégias de promoção da diversidade nas organizações, por sua vez, de nada adiantarão se as empresas simplesmente lançarem programas e esperarem os resultados. Dessa maneira, é preciso ter foco na implementação, acompanhamento por parte da presidência e das lideranças e conexão com todas as áreas do negócio. 

Sendo assim, uma equipe especializada em diversidade deve conseguir dialogar com todas as áreas da organização. Contudo, se isso não acontecer, dificilmente a empresa conseguirá alcançar bons resultados. Para tanto, uma boa estratégia é exigir que esta equipe tenha, ao menos, um representante por área. 

Sensibilização de lideranças 

A chave para mudar a forma como a liderança enxerga sua própria equipe e contrata novas pessoas para compor o seu time é a sensibilização para a causa da diversidade

Nesse sentido, isso pode ser feito através de:

1. Palestras;
2. Treinamentos;
3. Workshops;
4. Apresentações em geral;
5. Campanhas de comunicação interna

Para isso, é importante contar com a ajuda de empresas especializadas em Diversidade. Isso porque, além de saberem como lidar com determinadas situações ou resistências por parte das lideranças, também realizam o acompanhamento periódico para entender como está a evolução do clima organizacional. 

Dessa forma, é fundamental saber que são muitos os desafios para promover a diversidade no ambiente de trabalho. 

Portanto, a mudança na cultura organizacional vem com o tempo. Por isso, é preciso não desistir de dar oportunidades para que grupos minoritários sejam incluídos no quadro de colaboradores. Este é o papel de transformação social das organizações

Compartilhe

Twitter

Inscreva-se em nossa newsletter

Assinar Newsletter

Posts relacionados

Pular para o conteúdo