ESG: Você já ouviu falar deste tema? A sigla ESG advém do termo em inglês Environmental, Social and Governance – ou, em português, ASG, referindo-se à Ambiental, Social e Governança.
Essas três letras parecem simples, mas estão revolucionando o universo empresarial. É crescente o número de empresários que colocam a responsabilidade social também em seus investimentos. E, daqui para frente, a tendência é que esse movimento se intensifique ainda mais.
Neste conteúdo, abordamos tudo que você precisa saber sobre ESG: sua definição, os conceitos e dados que comprovam sua importância para as empresas. Confira!
ESG está na boca das pessoas. Investidores, empresários, empreendedores, tanto brasileiros, quanto estrangeiros, todos estão ligados nas discussões que norteiam o tema e entendem a importância de trazê-lo à tona, especialmente neste momento de pandemia.
Esta sigla veio para ficar e está cada vez mais no centro dessa discussão. Mas, afinal, o que é ESG?
Environmental, Social and Governance (em português, Ambiental, Social e Governança) significa, no universo de investimentos, aquele que incorpora questões ambientais, sociais e de governança como critérios na análise para investimento, indo além das tradicionais métricas econômico-financeiras e, com isso, permitindo uma avaliação das empresas de forma holística.
Embora a sigla tenha raízes no mercado de investimentos, ela tem grande importância na agenda de impacto. Adotar princípios ESG quer dizer trazer para a empresa fatores que são cruciais para a transformação social e afetam diretamente os resultados da organização.
O ideal é que as empresas utilizem o ESG em seus modelos de negócio. Os comportamentos em relação às questões ambientais, sociais e de governança devem ser colocados em primeiro plano.
Para isso, é preciso entender, antes, o que agrega cada um desses itens, conforme explicamos abaixo:
Agregam comportamentos como uso de recursos naturais, emissões de gases de efeito estufa, eficiência energética, poluição, gestão de resíduos e efluentes.
São fatores como políticas e relações de trabalho, inclusão e diversidade, engajamento dos funcionários, treinamento da força de trabalho, direitos humanos, relações com comunidades, privacidade e proteção de dados.
Incluem itens como governança independente do conselho, política de remuneração da alta administração, diversidade na composição do conselho de administração, estrutura dos comitês de auditoria e fiscal, ética e transparência.
Agora, vamos entender um pouco sobre onde surgiu o ESG e qual a sua evolução no Brasil.
A sigla ESG surgiu pela primeira vez em 2005, em um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU). O documento, intitulado “Who Cares Wins” (“Ganha quem se importa”, em tradução livre), reuniu 20 instituições financeiras de nove países para desenvolver diretrizes e recomendações sobre como incluir questões ambientais, sociais e de governança na gestão de ativos, serviços de corretagem de títulos e pesquisas relacionadas ao tema.
O relatório chegou à conclusão de que incorporar esses fatores no mercado financeiro gerava mercados mais sustentáveis e melhores para a sociedade.
Mesmo com um histórico mais antigo pelo mundo, a sigla ESG ainda é pouco conhecida no Brasil. Mas, como o tema tem rapidamente transformado a indústria de investimentos globalmente, é de se esperar que logo logo tome grande proporção por aqui também e deixem de estar apenas nos domínios das áreas de Relações com Investidores e de Sustentabilidade.
Os Princípios para o Investimento Responsável (PRI), da ONU, trabalham em conjunto com sua rede internacional de signatários para colocar em prática fundamentos para compreender as implicações do investimento sobre temas ambientais, sociais e de governança, além de oferecer suporte para os signatários na integração desses temas.
No que se refere ao número de signatários do PRI, o Brasil conta com 62 membros, de acordo com o último relatório (2019) e, na comparação de 2019 com 2018, houve um crescimento de 33%. Ainda assim, o país representa somente 2% do total de signatários (3.145) do mundo.
Com a pandemia do coronavírus, as empresas brasileiras começaram a olhar a temática ESG com mais cuidado. Observamos um número crescente de razões estruturais pelas quais a participação dos investimentos ESG continuarão ganhando força no Brasil. Empresas que não derem atenção ao tema ficarão para trás.
🔎 Acesse aqui o relatório do PRI
O cenário de ESG está em constante evolução, e diversas tendências emergem à medida que as empresas adotam práticas mais responsáveis. Uma tendência notável é a crescente regulamentação em torno da transparência nas operações empresariais. Países e regiões, como a União Europeia, estão implementando legislações que exigem relatórios mais detalhados sobre as práticas ESG das empresas. Essas regulamentações não apenas incentivam a conformidade, mas também promovem uma cultura de responsabilidade empresarial.
Além disso, as empresas estão cada vez mais sendo avaliadas por suas práticas ESG por investidores e consumidores. Isso se reflete na popularidade crescente de índices ESG, que classifica as empresas com base em seu desempenho em questões ambientais, sociais e de governança. A pressão dos investidores para que as empresas adotem práticas sustentáveis está se tornando uma norma no mercado, forçando muitas a revisarem suas estratégias e operações.
São muitas as razões pelas quais as empresas devem investir no ESG. Consideramos as mais importantes abaixo:
Engajamento dos investidores: Há uma evolução significativa do número de investidores que consideram as questões ambientais, sociais e de governança em suas decisões de investimento e esse movimento só irá acelerar daqui para frente.
Exemplos de engajamento dos investidores é a criação do PRI, em 2005, e do Sustainability Accounting Standards Board (SASB, em português, Conselho de Padrões de Contabilidade de Sustentabilidade).
Este último representa uma entidade criada para cuidar da comunicação de informações não financeiras das empresas, definindo padrões de divulgação de sustentabilidade específicos para cada indústria.
Comportamento dos consumidores: Outro fator que provavelmente conduzirá as empresas nessa direção está relacionado à mudança do comportamento do consumidor.
Uma pesquisa da Nielsen, em 2017, mostrou que 81% dos consumidores acreditam fortemente que as empresas devem ajudar a melhorar o meio ambiente e mais de 60% dos consumidores estão muito ou extremamente preocupados com a poluição do ar, da água, uso de embalagens, resíduos de alimentos, etc.
Retorno acima do mercado: Empresas alinhadas aos princípios de ESG são mais rentáveis.
Segundo uma pesquisa realizada pelo PRI, dentre os cerca de 2.000 estudos publicados a respeito do assunto desde 1970, 63% concluem que existe uma correlação positiva entre a adoção de critérios ESG e retorno, enquanto 10% tem opinião oposta e 27% não encontraram relação entre ambos os fatores.
Implementar práticas ESG não precisa ser um processo isolado ou complexo. Muitas empresas têm se destacado por suas iniciativas inovadoras. Por exemplo, a Unilever se comprometeu a reduzir pela metade sua pegada de carbono até 2030 e, ao mesmo tempo, apoiar pequenas empresas de mulheres na sua cadeia de suprimentos. Outra referência é a Patagonia, que utiliza 100% de algodão orgânico em seus produtos e destina parte de seus lucros para projetos ambientais. Esses exemplos mostram que a integração de ESG na estratégia empresarial pode levar a resultados positivos e tangíveis.
Além disso, a Ambev lançou o programa "AMA", que visa democratizar o acesso à água potável. Este tipo de iniciativa não só beneficia as comunidades e o meio ambiente, mas também fortalece a marca perante os consumidores que valorizam práticas sustentáveis. A implementação dessas boas práticas ESG não só melhora a reputação da empresa, mas também pode ser um diferencial competitivo no mercado.
Como aplicar o ESG na prática? Para começar, é preciso entender se a sua empresa está em conformidade com os princípios do ESG. Para tanto, existem duas perguntas:
A minha empresa tem projetos que contribuem para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU?
Os ODS são grandes norteadores para medir o impacto social de organizações. Eles representam 17 grandes metas instituídas pela ONU para vencer os maiores problemas de desigualdade social do mundo. O Brasil, por ser signatário, deve cumprir esses objetivos até 2030. Empresas privadas têm grande papel neste processo.
A minha empresa está em conformidade com os Dez Princípios do Pacto Global?
O Pacto Global é uma chamada para as empresas alinharem suas estratégias e operações a 10 princípios universais nas áreas de Direitos Humanos, Trabalho, Meio ambiente e Anticorrupção e desenvolverem ações que contribuam para o enfrentamento dos desafios da sociedade.
Os 10 princípios universais do Pacto Global são:
Direitos Humanos
Trabalho
Meio ambiente
Anticorrupção
Tanto os ODS quanto os princípios do Pacto Global resumem os desafios sociais, ambientais e de governança do nosso tempo.
Eles só serão superados com a participação ativa de toda a sociedade. Por isso, tornam-se ferramentas norteadoras para as práticas pautadas no ESG realizadas pelas empresas.
É comum confundir ESG com a Responsabilidade Social das empresas. Abaixo, explicaremos melhor a diferença.
Estudos de caso concretos demonstram a eficácia das práticas ESG em diferentes setores. A empresa brasileira Natura, por exemplo, tem se destacado por sua abordagem sustentável, utilizando ingredientes naturais e promovendo a economia circular. Sua estratégia inclui não apenas a redução do impacto ambiental, mas também o fortalecimento de comunidades locais, mostrando que práticas ESG podem gerar benefícios sociais significativos.
Já a Raízen, uma das maiores empresas do setor de energia, vem se destacando ao integrar práticas ESG em suas operações. Um exemplo é o compromisso com a geração de energia renovável a partir da biomassa da cana-de-açúcar, promovendo uma matriz energética mais limpa.
A Gerdau, empresa global de produção de aço, aplica práticas de sustentabilidade por meio de ações que reduzem o consumo de recursos naturais e minimizam o impacto ambiental. Um de seus projetos mais significativos é a reciclagem de sucata metálica, uma prática que transforma resíduos em matéria-prima, gerando benefícios ambientais e econômicos.
A Raízen e a Gerdau também contam com programas de voluntariado empresarial, nos quais a MGN participou do desenvolvimento da estratégia e da implementação. Dessa forma, as empresas conseguem apoiar temas como educação e inclusão social e contribuir para o desenvolvimento de comunidades locais.
Outro exemplo é a Tesla, que não apenas se posiciona como líder em inovação tecnológica, mas também prioriza a sustentabilidade através de veículos elétricos. A Tesla demonstra que a adoção de práticas ESG não só atende às demandas dos consumidores por produtos sustentáveis, mas também pode gerar lucros substanciais. Esses casos inspiram outras empresas a adotarem princípios ESG em suas operações, evidenciando que esse compromisso é lucrativo e desejável.
No âmbito empresarial, a Responsabilidade Social é quando uma organização contribui para a sociedade e o meio ambiente por iniciativa própria, simplesmente com o intuito de proporcionar uma melhor qualidade de vida para a comunidade onde está inserida.
Já o ESG são princípios que a empresa incorpora em sua estruturação enquanto organização, em seu modelo de negócio. É como se o ESG estivesse no esqueleto da empresa, ou em seu DNA.
Assim, a Responsabilidade Social se encontra abaixo do ESG, como se fosse uma consequência. Quando uma empresa adota práticas ESG em sua organização, ela espontaneamente já incorpora ações de Responsabilidade Social.
🔎 Responsabilidade social: tudo o que você precisa saber!
A Sustentabilidade empresarial está muito ligada ao desenvolvimento de empresas e indústrias. Quanto maior for o crescimento de uma empresa, maior devem ser suas medidas que protejam aspectos sociais, ambientais e econômicos.
Dessa forma, é possível afirmar que o termo sustentabilidade, no universo empresarial e de investimentos, evoluiu para a nomenclatura ESG. Essa mudança de nomenclatura tem como fim tratar a sustentabilidade empresarial como um tema transversal, que impacta todos os setores e áreas corporativas, influenciando diretamente o negócio e sua estratégia.
Incorporar ações de sustentabilidade e responsabilidade social na empresa é a cereja do bolo para aplicar o ESG na prática. Mas é importante ressaltar que o ESG é um processo central da gestão empresarial e deve contemplar todos os stakeholders (acionistas, clientes, fornecedores, colaboradores e comunidade ao entorno).
Embora a adoção de práticas ESG seja amplamente vista como um passo positivo, também existem desafios e críticas que precisam ser abordados. Um dos principais desafios é a falta de padronização nas métricas de avaliação ESG, o que dificulta comparações entre empresas. Isso leva a uma preocupação sobre o greenwashing, ou "lavagem verde", termo que descreve a prática de empresas que exageram ou enganam em suas declarações sobre práticas sustentáveis, criando uma imagem que não corresponde à realidade.
Por isso se torna tão importante a adoção de uma abordagem clara de indicadores de monitoramento. Definir indicadores consistentes e validá-los com stakeholders permite medir e comparar resultados de forma objetiva. Além disso, ferramentas de coleta de dados e painéis interativos tornam o processo mais transparente, ajudando a evitar o greenwashing. Isso garante que o foco em ESG não prejudique o desempenho financeiro, mas fortaleça o impacto social de forma mensurável e alinhada aos objetivos de negócio.
Outro desafio comum é lidar com as críticas de que o foco em ESG pode desviar a atenção das empresas de suas principais atividades, levando a uma priorização excessiva de iniciativas sociais em detrimento do desempenho financeiro. Essa tensão entre responsabilidade social e retorno financeiro precisa ser gerida com cuidado. Portanto, as empresas devem integrar práticas ESG de maneira que não apenas cumpram com suas obrigações sociais, mas também se alinhem com seus objetivos de negócio para garantir um impacto real e duradouro.
Um exemplo prático seria implementar um programa de capacitação para comunidades locais que também sirva como estratégia de recrutamento. Ao treinar talentos da região, a empresa não apenas cumpre sua responsabilidade social, mas também garante uma fonte de mão de obra qualificada. Essa abordagem alinha as iniciativas sociais aos objetivos de negócios, promovendo desenvolvimento econômico enquanto reforça o compromisso com as práticas ESG.
Adotar práticas ESG nas empresas já não é mais uma escolha, em decorrência da pressão dos fundos de investimento e tendências de mercado mundiais. Por isso, destacamos algumas práticas que podem ser adotadas pelas organizações:
Sustentabilidade no modelo de negócio:
É importante que a sustentabilidade não esteja apenas na agenda de discussão, mas integrada à estratégia da empresa como um todo. A ideia é que as empresas comecem a abraçar as questões ambientais e sociais como parte da criação de uma estratégia de negócios sustentável, sendo integrada ao seu perfil de governança.
Formação de um conselho para debater o ESG:
Ter uma equipe de diretores qualificada e engajada por trás da execução de práticas ESG é fundamental para a efetividade das ações. Este conselho deve fornecer supervisão, questionar e se envolver nas decisões estratégicas do negócio.
Aprimoramento da governança ESG interna:
O tema ESG não deve se limitar apenas à diretoria. Um programa de ESG bem elaborado deve incorporar controles focados na sustentabilidade, indicadores chave de desempenho e relatórios em toda a organização.
Todas essas práticas demonstram motivos suficientes para começar a aplicar ESG em seu negócio. Então, que tal começar agora? Clique aqui e entre em contato.
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