As cinco crises globais e seus impactos na estratégia social das empresas

Retrato de homem grisalho olhando para baixo e ao ar livre em Rio de Janeiro, Brasil.
Última atualização
janeiro 17, 2024
Escrito por
Marcelo

A humanidade enfrenta atualmente uma série de crises globais que transcendem fronteiras e exigem uma resposta coletiva. Estas crises não só afetam diretamente a vida das pessoas, mas também moldam o contexto em que as empresas operam. Neste artigo, vou explorar como as cinco crises – as mudanças climáticas, a saúde e a longevidade dos idosos, a degradação ambiental, o acesso ao ar puro e à água potável, o bem-estar mental e o trabalho social e emocionalmente satisfatório - impactam a estratégia social das empresas.

1. Crise das mudanças climática

A crise das emissões de CO² atmosférico é um dos desafios mais prementes do nosso tempo, com as mudanças climáticas ameaçando a estabilidade do planeta. Empresas agora enfrentam uma crescente pressão para adotar práticas sustentáveis. Estratégias empresariais para responder, de forma geral, a esta crise incluem a redução das emissões de carbono, a implementação de práticas de produção e distribuição ecologicamente responsáveis, e investimentos em tecnologias limpas.

No que tange a operacionalização das estratégias sociais, os impactos das mudanças climáticas começam a se tornar cada vez mais concretos em comunidades que sofrem a influência direta de muitas empresas, especialmente as comunidades mais vulneráveis. As empresas que ainda não desenvolveram políticas claras de ajudas humanitárias, assim como planos para responder rapidamente com ações para alívio de desastres socioambientais, estão atrasadas e expostas a críticas de inação.

Considerar os riscos das mudanças climáticas no planejamento de ações sociais também deve ser uma preocupação para as áreas responsáveis pelo Social nas empresas. Eventos climáticos cada vez mais extremos e imprevistos afetam o calendário de atividades e mudam com muita rapidez a noção de prioridade no campo da Filantropia e Investimento Social Privado, por exemplo.

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2. Crise da saúde e longevidade dos idosos

O aumento da expectativa de vida apresenta oportunidades e desafios para as empresas. Estratégias empresariais envolvem o desenvolvimento de produtos e serviços adaptados às necessidades dos idosos, bem como a promoção de ambientes de trabalho que incentivem a diversidade etária. Investir em pesquisa e desenvolvimento para abordar questões de saúde específicas da população idosa também se torna crucial, alinhando os objetivos empresariais com a resolução dessa crise.

No campo de Investimento Social Privado, o Censo do GIFE mostra que o recorte etário de pessoas idosas está entre os menos priorizados pelos Institutos e Fundações Empresariais participantes da pesquisa. Em um cenário de “cobertor curto” é difícil imaginar que reordenar a prioridade de perfil etário dos públicos beneficiados não vai fazer com que algumas ações deixem de atender pessoas que igualmente precisam de apoio. 

Ocorre que a priorização de pessoas idosas pode acontecer nas frentes ligadas à assistência social, reforçando Fundos das Pessoas Idosas, ILPIs e outras OSCs que amparam a esse público, assim como pode acontecer em outras frentes, como por exemplo garantindo a inclusão produtiva ou promovendo um estilo de vida ativo e saudável entre as pessoas idosas (podendo usar recursos próprios ou incentivados). O fato é que o Brasil não está preparado para o envelhecimento populacional e isso tem que entrar de vez na agenda ESG das empresas.

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3. Crise da degradação ambiental

A degradação ambiental, causada pela exploração insustentável dos recursos naturais, afeta ecossistemas em todo o mundo. Empresas são desafiadas a assumir a responsabilidade pelo seu impacto ambiental. Estratégias empresariais incluem a implementação de práticas de produção sustentáveis, o uso eficiente de recursos, a participação em iniciativas de reflorestamento e conservação.

Muitas vezes, a degradação ambiental anda de mãos dadas com a vulnerabilidade social. Onde houve degradação ambiental, as comunidades ficam mais vulneráveis. Onde as comunidades são muito vulneráveis abre-se espaço para a degradação ambiental. Sendo assim, o campo social deverá se inspirar mais em práticas do campo ambiental para garantir a superação desta crise.Práticas regenerativas deixam de aparecer apenas no contexto da agricultura e começam a refletir o que se espera das relações entre investidores e comunidades beneficiadas. Circularidade deixa de ser um termo associado à economia e começa a ser tema transversal no modo de colocar em prática as ações sociais. Mais do que nunca, resiliência passa a figurar entre os produtos que os projetos sociais pretendem entregar.

4. Crise do acesso a ar puro e água potável

A escassez de ar puro e água potável é uma das crises globais e uma ameaça crescente em muitas regiões do mundo. Empresas estão sendo instigadas a abordar essa crise, garantindo práticas sustentáveis de gestão de água e implementando tecnologias que reduzam a poluição atmosférica. Além disso, ações filantrópicas que visam fornecer acesso a água potável em comunidades vulneráveis ou melhorar a qualidade do ar local.

É preciso reconhecer que as áreas sociais das empresas podem contribuir muito com a produção e disseminação de informações sobre esses temas. A conscientização da sociedade a respeito dos seus direitos e deveres para a garantia de saneamento básico e o acesso a água e ar de qualidade são fundamentais.

Contrariar uma lógica de esforços individuais e localizados é estratégico. Unir esforços de diversos atores privados, da sociedade civil e dos governos, por meio de políticas públicas, é o que pode fazer a diferença, no entanto.

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5. Crise do bem-estar mental e trabalho satisfatório

A preocupação com o bem-estar mental e a satisfação no trabalho cresce à medida que as pressões da vida moderna impactam a saúde mental dos trabalhadores. Empresas são incentivadas a promover ambientes de trabalho saudáveis, adotar práticas de gestão que incentivem o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, e oferecer recursos de apoio emocional.

Os programas de Diversidade, Equidade e Inclusão precisam ser elevados ao nível estratégico nas organizações. Ainda que cada empresa esteja em níveis de maturidade muito distintos, o momento de apenas celebrar e acolher diferenças está passando para todas.

O desenvolvimento de lideranças empáticas está na pauta das áreas de Desenvolvimento Humano e Organizacional (DHO). Ter líderes com esta soft skill é fator-chave para superar momentos de crise econômica e social e manter o bem-estar das pessoas, ainda mais em um cenário global recente de baixo crescimento, alta inflação e choques originados por tensões geopolíticas.

Saiba mais: Cultura organizacional: como fortalecê-la com ações de impacto social
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À medida que a sociedade enfrenta essas crises globais, as empresas desempenham um papel crucial na busca por soluções sustentáveis e socialmente responsáveis. Integrar estratégias sociais que abordem diretamente essas crises não apenas demonstra liderança corporativa, mas também fortalece a posição das empresas em um mundo cada vez mais consciente e interconectado. As empresas que adotam uma abordagem proativa para lidar com essas crises não apenas contribuem para um futuro mais sustentável, mas também garantem a sua própria sustentabilidade no longo prazo.

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