O plogging consiste em recolher o lixo nas ruas enquanto você caminha ou pratica corrida.
Pode parecer uma ideia maluca sair por aí recolhendo resíduos pelas ruas e praticando exercício ao mesmo tempo. Mas é justamente por ser tão inusitado e simples que o plogging começou a chamar a atenção do mundo todo.
Nesse sentido, o novo esporte já tem muitos adeptos na Europa, começou a ganhar fama na América Latina e, desde 2018, vem ganhando espaço também no Brasil.
O plogging foi idealizado pelo ambientalista Erik Ahlström. Após se mudar para Estocolmo, na Suécia, ele se incomodou com a quantidade de lixos espalhados pela rua. Então, começou a organizar grupos de corrida em que os corredores, equipados com luvas e sacos de lixo, iam limpando a região.
A ideia, por sua vez, começou a chamar a atenção dos adeptos às corridas de rua porque, além de fazer bem ao meio ambiente, cada material recolhido representa um agachamento, turbinando a prática de corrida ou caminhada pelas ruas.
Além disso, a palavra plogging surgiu da junção de duas palavras: plokka up que, em sueco, significa recolher e running, que, em inglês, significa correr.
Hoje, Erik Ahlström mantém um site, o Plogga, onde reúne os interessados para organizar a atividade e incentivar os voluntários.
Além de treinar agachamentos, o plogging também promove flexibilidade e equilíbrio ao corpo. E, se os corredores carregarem seus sacos com muitos resíduos, mais pesados ficam os sacos e mais desafiadora fica a prática, aumentando o nível de competição.
O plogging também promove uma sensação de bem-estar. Isso acontece por dois motivos:
Um outro grande benefício do plogging é que não existe um público específico para praticá-lo. Portanto, essa modalidade esportiva é voltada para todas as idades, porque pode ser perfeitamente adaptada. Ou seja, pode ser uma atividade com crianças e famílias ou pode ser um evento para corredores mais profissionais.
Segundo o estudo Solucionar a Poluição Plástica: Transparência e Responsabilização, realizado pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF) em 2018, o Brasil é o quarto país no mundo que mais produz lixo.
São 11.355.220 toneladas produzidas anualmente. O país só está atrás dos Estados Unidos (1º lugar), da China (2º) e da Índia (3º).
Além disso, segundo dados do Banco Mundial, mais de 2,4 milhões de toneladas de plástico são descartadas de forma irregular no país. Quase 8 milhões de toneladas de lixo são destinadas a aterros sanitários.
A poluição por plástico,por sua vez, gera mais de US$ 8 bilhões de prejuízo à economia global.
O Brasil também se destaca quando falamos sobre o descarte incorreto de lixo, pois mais de 50% dos resíduos no país são descartados em lixões a céu aberto.
Segundo pesquisas desenvolvidas em uma parceria do Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana (Selurb) com a consultoria PwC (PricewaterhouseCoopers), 24% dos domicílios brasileiros não contam com coleta de lixo, e o índice nacional de reciclagem é de apenas 3,7%.
Baixe aqui o Índice de Sustentabilidade da Limpeza Urbana 2018
Todos estes dados provam que a situação do Brasil em relação ao lixo e à poluição das ruas é crítica. E, infelizmente, práticas como a do plogging, de pegar o lixo do chão, não é algo que faz parte do dia a dia do brasileiro.
Contudo, descartar o lixo nos locais apropriados e manter as ruas limpas deveria ser parte da nossa cultura. É possível melhorar este cenário tomando algumas atitudes mais urgentes, como:
O plogging é uma forma de dar um motivo a mais para a limpeza das ruas, porque é somado à atividade física, tornando o processo muito mais prazeroso.
No Brasil, o plogging começou a ganhar destaque em 2018. O Instagram @ploggingbrasil reúne uma série de informações sobre meio ambiente e ajuda a divulgar ações de limpeza nas ruas e praias.
No entanto, mesmo com algum destaque, a iniciativa ainda é um embrião no país e tem tudo para tomar grandes proporções.
É muito simples realizar um plogging: basta colocar uma roupa de ginástica, um tênis para práticas esportivas, carregar um saco de lixo e luvas. Pronto! Você já estará pronto(a) para fazer sua atividade física, coletando resíduos nas ruas.
Mas a prática, além de individual, pode ser também coletiva, o que a torna muito mais interessante. Para isso, é preciso ter um grupo de pessoas interessadas em praticar a cidadania.
Para a prática ser coletiva, uma gestão eficiente é fundamental. Afinal, organizar uma atividade de rua em grupo envolve muitos fatores e é preciso ter um olhar especializado para o evento.
Leia mais: Gestão de projetos sociais: como funciona na prática?
Para organizar um plogging em grupo, é preciso tomar alguns cuidados importantes. Qualquer atividade que envolve a utilização de espaços públicos, como ruas, praças ou praias, tem regras e cautelas que não podem ser perdidas de vista.
Por isso, separamos 5 dicas para organizar um plogging coletivo:
Entrar em contato com órgãos públicos responsáveis pela circulação de veículos e pessoas e se informar sobre todas as autorizações necessárias faz parte do processo. Nesse sentido, mesmo sendo espaços públicos, muitas vezes, é necessária uma preparação da via para receber o grupo de pessoas.
Para avaliar qualquer risco nas vias que serão limpas durante o plogging, é necessário realizar uma visita técnica ao local. Neste momento, serão observados possíveis contratempos, como quantidade de pessoas circulando nas vias, dificuldades de acesso etc.
Em uma prática coletiva, é muito comum as pessoas não providenciarem os materiais necessários. Por isso, é importante fornecer luvas e sacos de lixo extras para que todos consigam realizar a atividade.
Muitos acidentes acontecem por não estarmos vestidos adequadamente para a prática de exercícios físicos. Por isso, usar calças jeans, calçados não apropriados e blusas muito pesadas, por exemplo, pode não só trazer desconforto aos participantes, como também causar algum tipo de queda, de problemas físicos, entre outros contratempos.
Por mais que o plogging seja uma atividade prazerosa e desafiadora, é importante determinar um começo e fim. Para isso, fazer um cronograma é fundamental.
Os lixos nas ruas, praças e praias não têm fim, então acaba que o plogging é uma atividade infinita. É importante determinar horários para término da atividade e não desgastar nenhum participante.
Depois de conhecer o plogging, é impossível não ficar mobilizado para realizar uma atividade como essa! Que tal começar a transformação social com uma atitude simples como essa?
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