Gestão de ongs: entenda suas funções e impactos

Última atualização
março 11, 2020
Escrito por
Luana Costa

Gestão de ONGs significa administrar, coordenar, dirigir, cuidar do desenvolvimento de uma instituição que não visa ao lucro, mas vive de doações e repasse de imposto do governo. 

O papel principal da gestão de ONGs é garantir mais eficiência no uso de recursos para qualificar suas ações sociais. Por isso, é tão importante que as organizações tenham estratégias gerenciais equivalentes às empresas para garantir sua sustentabilidade. 

Abaixo, explicamos melhor como tudo isso funciona. 

Gestão de ONGs: qual é o seu papel?

O dia a dia das organizações sociais geralmente é tomado por apagar incêndios. Isso significa, popularmente, que a gestão de ONGs passa a maior parte do tempo resolvendo problemas que, na maioria das vezes, surgem de última hora e acabam por deixar de dedicar um tempo adequado à sua gestão. 

Leia mais: Gestão de voluntariado: o que é e como fazer?

Para conseguir um resultado sociotransformador duradouro, a gestão de ONGs tem o papel de desenvolver projetos tecnicamente planejados e estruturados. Isso envolve todas as etapas de gestão de negócios, que são:

  • Planejamento estratégico;
  • Delimitar papéis e responsabilidades; 
  • Controle financeiro;
  • Avaliação de riscos; 
  • Pesquisa de público-alvo (beneficiários);
  • Monitoramento e avaliação, entre outros. 

Cabe à gestão de ONGs saber adequar as etapas de gerenciamento empresarial à realidade das organizações sociais. Mas como fazer isso?

Gestão: o princípio do sucesso da sua causa

Sem uma boa administração fica difícil conseguir atingir resultados satisfatórios. Quando transferimos esta frase para a realidade de uma ONG, estamos falando sobre a qualidade dos serviços prestados à sociedade e dos resultados sociais alcançados. 

Afinal, o “lucro” de uma organização social tem a ver com a melhoria da qualidade de vida de uma parcela excluída da sociedade. 

Sendo assim, a qualidade dos serviços sociais prestados pela organização está relacionada com a qualidade da gestão de ONGs. E como esta qualidade na gestão pode ser alcançada? 

Uma boa gestão de ONGs deve ter em mente os seguintes aspectos:

Missão e objetivos da ONG

Definir claramente a missão, os objetivos e o foco de atuação é a base para desenvolver uma boa gestão de ONGs. Uma vez que os propósitos estejam alinhados, todo investimento da organização social passa a ser melhor direcionado. 

A missão de uma organização social, por sua vez, deve estar clara em todas as tomadas de decisão. Um indicativo eficiente do cumprimento dessa missão é o índice de comprometimento por parte dos colaboradores da ONG e dos seus doadores e financiadores. 

Captação de recursos e engajamento 

A gestão de ONGs precisa ter em mente que captar recursos para uma instituição social não é simples. Nesse sentido, é preciso ter como foco financiadores que estejam alinhados à conduta da organização social. 

Dessa forma, com doadores engajados na causa, fica muito mais fácil garantir que a ONG tenha sucesso em seus projetos sociais. Assim, mais do que doar recursos, é preciso fazer com que os doadores participem de ações e vejam a atuação da organização na prática. 

Leia mais: Gestão de projetos sociais, como funciona na prática?  

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Gestão sistêmica 

A abordagem sistêmica de administração significa partir do princípio de que a ONG é um sistema composto por elementos que se relacionam entre si. Dessa maneira, construir uma gestão sistêmica é saber dividir em departamentos ou funções organizacionais que agregam valor à missão da organização. 

Quando todas as funções organizacionais estiverem relacionadas entre si, as decisões tomadas terão impacto positivo em toda a estrutura por igual. O que geralmente acontece nas ONGs, por sua vez, é uma estruturação pouco planejada ou sistematizada. Isso porque não houve um planejamento estratégico por trás. 

Saiba mais: Desafios da gestão de pessoas em ONGs

Planejamento a longo prazo

Estabelecer objetivos e metas quantificáveis, mensuráveis e com prazos definidos, além de métodos próprios e particulares para atingir essas metas, apresenta-se como uma das soluções para um crescimento e estruturação de uma ONG. 

Neste aspecto, as ONGs devem ser encaradas e gerenciadas, dentro das limitações de sua personalidade estrutural, como empresas convencionais do setor privado.

Ética e transparência

Uma boa gestão de ONGs age com ética e transparência em todas as decisões. Nesse sentido, é fundamental garantir que todos os processos de tomadas de decisão passem pela aprovação da diretoria e do conselho fiscal. 

O princípio básico de uma boa gestão, especialmente quando se trata de uma organização sem fins lucrativos, é manter a transparência das informações. Por isso, manter atualizado o Relatório Institucional da organização anualmente é uma boa forma de prestar contas aos financiadores e doadores. 

Gestão de ONGs: como medir o impacto 

Existem muitos organismos que atestam a qualidade da gestão de ONGs. As normas mais conhecidas, por sua vez, são as da ISO 9000

Nesse sentido, a norma ISO 9000 se refere à qualidade dos processos internos, capacitação de colaboradores e satisfação dos financiadores ou doadores. 

A ISO também fornece uma infinidade de técnicas para a otimização dos processos internos de uma indústria, empresa ou instituição. Além de um certificado de qualidade que pode ser usado para dar credibilidade para captar recursos e ampliar projetos sociais. 

Dessa forma, para implantar as normas ISO 9000 na sua organização social é necessário contratar uma empresa especializada ou reunir um grupo de colaboradores que possam realizar a auditoria. 

Gestão de ONGs e responsabilidade social 

Ao investir na gestão de ONGs e, consequentemente, obter resultados impactantes em seus projetos sociais, as organizações sem fins lucrativos também conseguem estreitar laços cada vez mais firmes com a área de responsabilidade social das empresas. 

Dessa maneira, hoje, toda empresa, independentemente de seu tamanho, deve participar das questões sociais não mais apenas por meio do assistencialismo, como a prática de doações, mas com a implantação de projetos de longo prazo e autossustentáveis.


Responsabilidade social: tudo o que você precisa saber!


A área de responsabilidade social tem como uma de suas funções fazer a ponte entre a empresa e uma organização não governamental. Essa relação, por sua vez, ajuda ambas as partes: a empresa, que deve manter uma área de responsabilidade social ativa, e a ONG, que precisa de ajuda para que projetos sociais sejam viabilizados. 

Além disso, a relação positiva entre a área de responsabilidade social da empresa com a gestão da organização permite, inclusive, a possibilidade de planejar ações de voluntariado empresarial. A ação, portanto, pode acontecer em vários âmbitos: desde a criação de um projeto social utilizando uma metodologia, até reformas na infraestrutura da ONG. 

ONG: qual é sua razão de ser?

Mas, afinal, o que é uma ONG e qual a sua função? 

Uma ONG faz parte do Terceiro Setor da sociedade. Ou seja, são instituições privadas, sem fins lucrativos, que têm a finalidade de complementar os serviços de ordem pública. 

Dessa forma, as organizações sociais, também chamadas de organizações da sociedade civil (OSC), devem ser registradas legalmente em cartório, ter CNPJ e inscrição estadual. 

A principal característica de uma ONG é que ela é mantida financeiramente por doações vindas de pessoas físicas, empresas privadas, fundações e, em alguns casos, do próprio governo, por meio de repasse de impostos. 

Quantas ONGs existem no Brasil?

Segundo o Mapa das Organizações da Sociedade Civil, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), existem, no Brasil, 781.921 organizações da sociedade civil (dados de 2018). A pesquisa, por sua vez, é realizada a partir da base de dados da ficha cadastral de CNPJ da Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB).

Associação versus ONG

Confundir associação com ONG é muito comum. Não existe a forma jurídica de ONG na legislação brasileira. Nesse sentido, ONG é a sigla para Organização não Governamental. E toda ONG pode ser uma Associação sem fins lucrativos. 

Organizações não Governamentais podem ser também coletivos, grupos de pessoas que se reúnem com algum propósito social, entre outros. 

Existe também as OSCIP (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público). Este título, por sua vez, pode ser solicitado junto ao Ministério do Trabalho por uma associação legalmente constituída.  

Como funciona a estrutura organizacional de uma ONG 

É comum ficar em dúvida sobre como funciona a estrutura organizacional de uma organização sem fins lucrativos. 

De forma simples, a estrutura administrativa de uma ONG é composta por:

  • Fundadores, que fazem parte da Assembleia Constitutiva;
  • Diretoria;
  • Conselho fiscal;
  • Colaboradores.

A diretoria representa o órgão administrativo e executivo da instituição. Nesse caso, é a diretoria que compõe a gestão de ONGs. Normalmente, a diretoria da organização é composta pelos cargos:

  • Presidência;
  • Vice-presidência;
  • Secretaria. 

Já o conselho fiscal de uma organização social tem a competência de auxiliar a diretoria nos orçamentos, como opinar e aprovar balanços, contas, relatórios de demonstrações financeiras e operacionais, entre outras funções. 

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Gestão de ONGs: impacto de um bom planejamento

Ainda existem ONGs que não possuem uma estrutura administrativa organizada. Contudo, é extremamente necessário que estas instituições passem a enxergar, na gestão, uma forma de melhorar os impactos na execução de suas questões sociais. 

Além disso, as exigências de financiadores e o grau de complexidade do trabalho que realizam estão cada vez maiores. Nesse sentido, a gestão de ONGs tem uma responsabilidade grande frente às comunidades e à sociedade. E, por isso, ela deve ser profissionalizada

Ao profissionalizar a gestão de ONGs, é possível obter resultados como:

  1. Conseguir financiadores ou doadores mais engajados com a causa e, portanto, mais dispostos a ajudar no crescimento da organização;
  2. Ampliar os projetos sociais da organização, podendo atingir mais beneficiários;
  3. Fortalecer a rede de apoio, estabelecendo parcerias mais concretas e que possam ampliar a execução dos projetos sociais.

Livros para estudar gestão de ONGs

Listamos, abaixo, três livros para quem pensa em profissionalizar a gestão de ONGs:


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